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sábado, 11 de dezembro de 2010

Biblioteca montada por morador de comunidade vira documentário

Exibição da película na comunidade do Bode, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife, emocionou os espectadores; biblioteca sobre as palafitas foi tema de reportagem da Rede Globo NE em julho de 2008

Da Redação do pe360graus.com

Olhos atentos para se ver na tela. Foi assim que a comunidade do Bode, na Zona Sul do Recife, assistiu ao documentário "A mão e a luva: a história do traficante de livros", do diretor italiano Roberto Orazi. O personagem principal do filme é o músico e poeta Kcal Gomes, ilustre morador que, um dia, encontrou um jeito simples de incentivar o contato entre a comunidade, especialmente das crianças, com o mundo da literatura.

Ainda em 2008, Kcal Gomes criou uma livroteca, uma biblioteca montada num pequeno barraco sobre as palafitas. Era um serviço voluntário motivado pela paixão do músico pela literatura, que entrou de vez na sua vida quando ele leu seu primeiro livro, "A mão e a luva", de Machado de Assis, aos 16 anos. O exemplar da obra foi encontrado na maré, por acaso.

Dessa história o diretor italiano gerou o documentário, que já conquistou o segundo lugar numa das mostras do festival de Roma e emociona a todos que o assistem. Na exibição na comunidade do Bode, emoção maior teve o personagem principal da película. “Isso é tudo o resultado de uma luta de 15 anos, e isso não é um projeto, é uma história de vida, e eu faço isso por todos eles, não por mim”, afirma Kcal Gomes.

No documentário o diretor quis destacar a generosidade do músico: “ele descobriu a literatura mas não a guardou para si, pelo contrário, dividiu com os outros”, afirma o italiano Roberto Orazi.

Fonte: pe360graus.com

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Bibliotecas: um dos melhores investimentos que o País pode fazer

Se aprovados, dois projetos de lei em tramitação no Congresso terão destaque no incentivo à leitura
Existem hoje no Brasil, precisamente, 1.152 municípios sem bibliotecas, e dos que têm pelo
menos uma, apenas 24% delas abrem à noite e somente 12% funcionam aos sábados, segundo recente pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, realizada a pedido do Ministério da Cultura.
Há ainda outro fator que inibe mais leitura: a ausência de livrarias em cerca de 80% dos municípios brasileiros, segundo dados da Câmara Brasileira do Livro.

Ninguém nasce leitor. A leitura é um hábito cultural, social, imprescindível para o desenvolvimento de qualquer nação. E está comprovado pela neurociência que se deve dar maior ênfase à educação das crianças antes dos três anos de idade. A recente pesquisa sobre o tema “Retratos da Leitura no Brasil" constatou que a influência da mãe ou da mulher responsável pela família nos hábitos de leitura é preponderante: 73% das crianças citam as mães como maior influenciadora. Na resposta estimulada, a figura da mãe alcançou 49%, seguida pela professora, com 33%; e pelo pai, com 30%. A pesquisa mostrou também que a família pode influenciar na formação de não leitores, quando os membros da família não oferecem o exemplo de ler ou não detêm a posse de livros.

Há importantes referências mostrando que o hábito da leitura depende de uma diversidade de fatores, sendo um deles a disponibilidade física de livros para consumo. Ou seja, bibliotecas. Contudo, a “atratividade” das bibliotecas tem peso semelhante, inclusive para a realização de pesquisas escolares.
Neste sentido, a Lei 12.244, que determina a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do País, representa um avanço significativo, mas um desafio igualmente expressivo.

O acervo deve ser pensado de forma a compor um estimulante conjunto inicial de livros, bem como deve prever sua constante renovação e atualização, para manter e atrair o interesse de seus freqüentadores. É igualmente fundamental pensar que elas devem integrar-se ao projeto pedagógico das escolas, desde o horário de funcionamento - incluindo o período noturno - até a realização de um planejamento ajustado à disseminação da leitura literária, que atenda e vá além da demanda curricular. É importante também a presença de profissionais preparados – e com garantias de permanente requalificação – tanto para a organização dos espaços, quanto para assessorar o leitor iniciante em suas buscas e com dicas de leitura.

A criação de uma rede de conectividade entre as bibliotecas é mais uma forma de promoção do intercâmbio de experiência e renovação do conhecimento em um país como o nosso, de modo a diminuir o distanciamento geográfico.
Portanto, o desafio que nosso País tem mostra que devemos atuar de forma cooperada e integrada, governo e iniciativa privada, para criar e assegurar a sustentabilidade de uma política pública que, de fato, contribua para a promoção do avanço dos indicadores educacionais e que tenha elevado poder de transformação. E isto está previsto na Constituição.

O impacto de uma biblioteca é tão mais duradouro, quanto mais atenção for dada à sua manutenção. É importante, portanto, a criação de um fundo com recursos voltados à conservação da infraestrutura das bibliotecas e à expansão do s seus acervos.

Há dois projetos de lei que poderiam canalizar recursos para a implantação e manutenção de bibliotecas escolares, focados no fomento, na estruturação e criação de bibliotecas: o PL 6.200/09, que autoriza a criação do Fundo Nacional de Apoio a Bibliotecas (FUNAB), e determina que ele será gerido pelo órgão responsável pela gestão da Política Nacional do Livro (art. 3º); e o PLS 294/05, que em seu art. 6, informa que a rubrica orçamentária de onde sairão os recursos para financiamento, expansão e modernização de bibliotecas será o FNPL - Fundo Nacional Pró-Leitura.

Com a mesma natureza contábil, estes fundos terão papel de destaque no incentivo à leitura. O primeiro aguarda deliberação pelas Comissões de Finanças e Tributação (CFT) e Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara Federal, e o segundo pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado Federal. Caso não sejam alterados, o primeiro seguirá à sanção presidencial e o segundo ainda deverá tramitar pela Câmara dos Deputados.

É muito importante que sejam aprovados ainda este ano para viabilizar o imediato apoio à implantação de bibliotecas no País, bem como o planejamento de uma colaboração inter e intra-setorial, com vistas a assegurar maior eficiência deste investimento.

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/

Fiems inaugura quinta-feira bibliotecas em Água Clara e Aparecida do Taboado

Por Redação Pantanal News/Daniel Pedra
As cerimônias de entrega estão programadas para as 9 horas em Aparecida do Taboado e para as 14 horas em Água Clara

O presidente da Fiems, Sérgio Longen, vai inaugurar, nesta quinta-feira (09/12), as bibliotecas da Indústria do Conhecimento do Sesi construídas em Aparecida do Taboado e Água Clara. A primeira cerimônia está agendada para as 9 horas em Aparecida do Taboado com a participação do prefeito André Alves Ferreira, enquanto a segunda será às 14 horas em Água Clara com a presença do prefeito Valdo Alves de Queiroz.

Nos últimos três anos, a Diretoria do Sistema Fiems já inaugurou 27 unidades em 23 cidades - Campo Grande (3), Três Lagoas (2), Dourados (2), Corumbá, São Gabriel do Oeste, Sidrolândia, Aquidauana, Ponta Porã, Ribas do Rio Pardo, Rio Verde, Naviraí, Nova Andradina, Costa Rica, Iguatemi, Bataguassu, Rio Brilhante, Maracaju, Inocência, Paranaíba, Chapadão do Sul, Amambai, Sete Quedas e Aral Moreira.

Além disso, neste sábado (11/12), às 9 horas, também será inaugurada a biblioteca construída em Terenos, o que elevará para 30 unidades entregues em 26 cidades do Estado nos últimos três anos. “Elas também serão utilizadas para ministrar cursos de capacitação profissional do Senai por meio do EaD (Ensino a Distância) a partir do próximo ano com turmas de até 20 alunos no período noturno”, informou Sérgio Longen.

Hoje, conforme o presidente da Fiems, as unidades já oferecem os cursos gratuitos do Programa Educação Continuada do Sesi, que incluem primeiros-socorros, informática básica, libras (linguagem de sinais para surdos), espanhol, inglês, atualização em língua portuguesa, desenvolvimento de equipes, atendimento a clientes, primeiros-socorros, DSTs e Aids, entre outros.

Todas as bibliotecas da Indústria do Conhecimento do Sesi são dotadas com acervo de 1,6 mil livros de diferentes níveis, dezenas de CDs e DVDs, além de dez computadores com acesso à Internet. Elas ainda disponibilizam a “Hora do Conto”, quando os monitores ou professores usam livros fantoches, dedoches e fantasias para contar histórias para os usuários das escolas que visitam as unidades.

Outros diferenciais são as “Rodas Literárias”, que oportunizam o acesso à leitura de todos os usuários por meio de reflexão dos contos, textos, poesias e biografia do autor em estudo, e as “Gibitecas, que disponibilizam acervo de gibis para leitura no local. As bibliotecas também dispõem de “Hemeroteca”, onde ficam as coleções de jornais, revistas, periódicos e recortes de textos veiculados em diversos tipos de mídia, e da “Cinemateca”, com vídeos educativos, documentários e de lazer.

Elas ainda podem ser usadas como espaço para a pesquisa escolar, pois dispõem de acervo composto de obras nas diversas áreas do conhecimento, contemplando diferentes gêneros da literatura. Os usuários também podem levar os livros para casa, pois as bibliotecas oferecem condições para empréstimos dos exemplares, sendo possível o empréstimo pelo prazo de sete dias corridos.

Atrasou-se a devolver livros à biblioteca e foi presa


Jovem argumenta que livros avaliados em 150 euros não podiam ser entregues pois foram destruídos durante um incêndio há sete anos atrás

A polícia de Baytown, no estado do Texas, deteve uma mulher de 25 anos por ter ultrapassado o prazo de entrega de livros que tinha requisitado numa biblioteca local.

A norte-americana de 25 anos, Jessekah Lynn Few, tinha sido notificada, pela polícia local, várias vezes, para devolução dos livros avaliados em 200 dólares (150 euros), segundo referiu a «WSAV».

«Não é uma acusação muito comum mas faz parte de um acordo a que uma pessoa se compromete. É como qualquer outra coisa: não se pode ficar com uma coisa que não nos pertence» referiu Alan Cluburn, do departamento de polícia de Baytown.

No seguimento das notificações, Jessekah Few foi chamada a tribunal no passado dia 23 de Novembro, uma audiência a que não compareceu, acabando por ser detida e levada para o estabelecimento prisional de Harry County com uma acusação de má conduta.

Segundo a jovem - que abandonou a cadeia depois de ter pago uma fiança - os livros não se encontram não poderiam ser devolvidos, uma vez que foram destruídos durante um incêndio em sua casa, há sete anos atrás.

Fonte: diario.iol.pt

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Descoberto manuscrito de Leonardo da Vinci em biblioteca de Nantes

Agencia EFE

Paris, 7 dez (EFE).- Um manuscrito sobre o voo dos pássaros foi identificado pelo jornal francês "Presse Ocean" como obra nunca divulgada de Leonardo da Vinci na biblioteca de Nantes, e confirmada nesta terça-feira por um especialista do gênio italiano.

O estudioso Carlo Pedretti explicou ao jornal que "se trata de notas sobre o ar e o vento, relacionadas ao estudo sobre o voo dos pássaros" e que foi escrito em torno de 1504, mesma época que da Vinci começou a pintar a Monalisa.

O texto faz parte do acervo da biblioteca Demy de Nantes desde o final do século XIX, mas só na semana passada que foi vinculado a Leonardo da Vinci. A descoberta ocorreu graças à pista fornecida por um jornalista do "Presse Ocean" que acabava de fazer uma viagem a Milão e leu uma biografia do artista do Renascimento.

A diretora da biblioteca, Agnès Marcetteau, que trabalhava no local há mais de 20 anos declarou que até então nenhum estudioso tinha perguntado sobre o documento.

O manuscrito foi descoberto dentro da coleção Labouchère, composta por pelo menos 3 mil peças.

EFE
Fonte: G1.globo.com

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Google lança livraria digital com mais de 3 milhões de títulos

'Google Books' foi lançado com nome diferente do previsto.

Empresa espera concorrer com a Amazon, que domina mercado

Google eBooks, livraria digital do GoogleLivraria digital Google eBooks já está no ar.
(Foto: Reprodução)

O Google lançou nesta segunda-feira (6) o“Google eBooks”, a maior livraria digital da internet, segundo a empresa, com mais de três milhões de títulos disponíveis.

Com o novo serviço, a companhia espera competir com a Amazon, fabricante do leitor digital Kindle, que domina o mercado de livros eletrônicos, avaliado em US$ 1 bilhão.

Com três meses de atraso, o projeto foi lançado nos Estados Unidos com um nome diferente do que era esperado – "Google Editions".

“Acreditamos que essa será a maior biblioteca de livros eletrônicos do mundo”, disse o porta-voz da empresa Jeannie Hornung. “Incluindo os livros gratuitos, tem mais de três milhões de títulos disponíveis no novo serviço”.

Os usuários poderão comprar os livros pelo site e ler os títulos em vários aparelhos, como tablets, computadores, smartphones e em alguns leitores eletrônicos. Outra vantagem do novo serviço é a possibilidade de armazenar os títulos comprados na conta do Google.

Fonte: G1.globo.com

A informação não se importa em ser caótica, defende professor da UFPE

Davi Lira
Especial para o JC Online

http://www.estouro.com.br/pierre/diegosalcedo.jpg



Para o professor Diego Salcedo, o caos da internet abre possibilidades transformadoras (Foto: Divulgação/Duda Rocha)

Os dados espantam. A indústria de domínios encerrou 2009 com uma base de mais de 192 milhões de nomes de domínios registrados na internet, aponta a fornecedora de serviços de infraesturuta da web, a empresa multinacional VeriSign, em relatório divulgado no primeiro semestre de 2010. Somente nos países latino-americanos, o ano de 2009 encerrou com mais de 2 milhões de registros de nomes de domínios ".com" e ".net". A Internet está aí, aberta, disponível e com imensas possibilidades. Mas, pela quantidade de dados, não faltam especialistas afirmando que a próxima geração, a web 3.0, vai ter que se preocupar com o gerenciamento da informação, que deve ser melhor entendido e trabalhado.

"O caos de informação na web, na minha visão, oferece a oportunidade de conflitos e, por isso, de transformações. Não, necessariamente, de destruição do conhecimento ou desestruturação desses conteúdos eletrônicos", afirma o especialista em Comunicação Diego Salcedo. O JC Online conversou, nessa quinta (2), mais a fundo com o professor do Departamento de Ciência da Informação da UFPE. Confira abaixo, a entrevista na íntegra.


JC Online - Com o hipertexto cada vez mais presente, é possível afirmamos que a escrita passa por um processo de reinvenção?

Diego Salcedo - Não sei até que ponto podemos dizer que a escrita passa por uma reinvenção. Talvez seja mais adequado entender que, com o advento do hipertexto, eletronicamente concebido, existe uma nova etapa emergente da História da Escrita do Pensamento. Prefiro pensar assim, para tirar o foco de uma visão tecnocientífica sobre as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), em virtude de um leitura de mundo centrada em processos históricos, fruto de condições socioculturais articuladas às necessidades comunicacionais ou comunicativas, de nós, seres humanos. Mais relevante do que focar no hipertexto, seria discutir leitura e escrita.

JC Online - Para Lévy, grande parte da sociedade desconhece toda a grandeza dessa revolução das Telecomunicações. A Internet, por exemplo, é utilizada pela maior parte das pessoas somente como um instrumento de transmissão e não como uma metodologia de construção de conhecimentos. Você concorda?

Diego Salcedo - Estou de acordo. Essa nova modalidade de acesso à informação, na qual o hipertexto oferece vantagens antes inexistentes, sugere novas modalidades e formas de interação entre comunicação e conhecimento. No entanto, não, necessariamente, significa que as pessoas que acessam esses conteúdos produzam conhecimento. A informação independe do conhecimento. Já o conhecimento, para existir enquanto tal, precisa da informação. Além disso, o sujeito precisa não apenas acessar ou (re)transmitir, distribuir, mas se apropriar e assimilar a informação. Não estamos fazendo nada muito inovador: pensamos, escrevemos e publicamos => produzimos, distribuimos - transmissão - e consumimos. Isso não surgiu com a Internet. Mas Levy, com relação a esses processos, vê na rede de computadores características que poderiam ser enaltecidas e melhor utilizadas.

JC Online - Lévy aponta que hoje a Internet é um verdadeiro caos informacional, e que é preciso gerenciar melhor os dados disponibilizados na rede. Compartilha desse entendimento?

Diego Salcedo - Concordo que é um caos informacional. Mas não me preocupo com esse tipo de caos. A informação, mesmo enquadrada num ambiente de bits e bytes, não se importa em ser caótica. No entanto, se esse caos coloca em xeque a estrutura computacional contemporânea, aí teríamos que repensar sobre esse assunto. De fato, a quantidade e multiplicidade de informações na Internet é caótica, no sentido organizacional, ou seja, existem, sim, lacunas no que poderíamos chamar de "gestão de informação web". Mas não há nada que não possa ser resolvido no mundo humano, se por ele criado.

JC Online - Então haveria um lado positivo nesse caos cibernético?

Diego Salcedo - Pessoas com uma formação continuada em campos como design, ciências da computação, ciências da informação e comunicação, filosofia etc, podem com o tempo e muito trabalho desenvolver uma gestão eficiente e eficaz desses conteúdos web. Outro ponto é pensarmos essa realidade, esse fato sobre outra visão: não como problema, mas como uma forma de relacionamento com a informação eletrônica que possibilita ramificações imprevisíveis, caminhos inesperados. No mínimo me parece ser interessante e inovador vermos um lado positivo nessa contaminação de informações eletrônicas caóticas. A Internet não, necessariamente, precisa de uma gestão informacional como, até hoje, ocorre com as bibliotecas e arquivos mundo afora.

JC Online - A busca por essa melhoria organizacional passa pela imposição de regras rígidas?

Diego Salcedo - O caos de informação na web, na minha visão, oferece a oportunidade de conflitos e, por isso, de transformações. Não, necessariamente, de destruição do conhecimento ou desestruturação desses conteúdos eletrônicos. Informação na Internet é, apenas, um tipo de informação. Organizar a informação eletrônica precisa de critérios que, por sua natureza, estabelecem regras. Não vejo, ainda, neste momento histórico da humanidade, como propor a organização de informação eletrônica sem a proposição de regras. A própria criação da Internet é fruto de regras firmes, de relações de poder. O seu conteúdo é, necessariamente, resultado disso. A pessoa que escreve um texto num blog se ilude se acredita que aquela informação não está enquadrada em regras. Nem mesmo o conteúdo foge delas. A linguagem e a comunicação humana são constituídas por regras, em sua própria natureza epistemológica. Isso não mudou com a Internet.

Fonte: JC ONLINE

Portal de Periódicos premia projetos em ciência da informação, administração e gestão

Portal de Periódicos premia projetos em ciência da informação, administração e gestão

Foi lançada nesta semana, mais uma edição do Prêmio Emerald/Capes. A iniciativa pretende estimular o acesso e o uso do Portal de Periódicos e promover a pesquisa nas áreas de Ciência da Informação e Administração e Gestão com premiações no valor de R$ 5.295. As inscrições vão até o dia 16 de abril de 2011. O prêmio é uma parceria da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com o Emerald Group Publishing Limited. Aberto a todas as instituições usuárias do Portal de Periódicos, a premiação estrutura-se em duas categorias: ciência da informação e administração e gestão. A ideia é incentivar projetos nestas áreas que conciliem a disseminação do conhecimento com o desenvolvimento social aplicado à realidade brasileira.

As inscrições dos projetos devem ser realizadas on-line, na categoria Ciência da Informação, e na categoria Administração e Gestão. A previsão é de que os resultados sejam divulgados no dia 17 de junho de 2011. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (61) 2022-6200 ou pelo e-mail cgpp@capes.gov.br .

Acesse o edital.

Portal de Periódicos
Lançado em novembro de 2000, o Portal de Periódicos da Capes é considerado uma biblioteca virtual que reúne conteúdo científico de alto nível, disponível à comunidade acadêmico-científica brasileira. Em dez anos, o acervo do Portal passou de 1.800 títulos de periódicos com texto completo, para mais de 24 mil títulos. O número de instituições usuários foi multiplicado por quatro, passando de 72 instituições para 311, em 2010. Somente em 2009, foram contabilizados 23.386.833 textos completos baixados e 41.642.827 pesquisas as bases referenciais, totalizando 65.029.660 acessos ao conteúdo assinado, equivalendo a 178.000 acessos/downloads por dia.

(Assessoria de Imprensa da Capes)

Dinheiro, só se tiver biblioteca

Portaria do MinC é para garantir que as que são abertas se mantenham em funcionamento

Desde sexta-feira, todos os municípios do país somente recebem recursos do Ministério da Cultura (MinC) se tiverem bibliotecas públicas em pleno funcionamento. A condição está prevista em portaria publicada no Diário Oficial da União.

As bibliotecas devem ser administradas pela própria prefeitura. Outros espaços existentes em escolas ou de iniciativa filantrópica não são considerados. O ministério diz que há cidades que, embora tenham recebido da União livros, mobiliário e outros materiais, não promoveram a inauguração de suas bibliotecas.

Há casos, também, de bibliotecas que já foram inauguradas em algum momento, mas que depois acabaram fechadas ou que funcionam em poucos dias da semana.

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, afirmou que a determinação não tem caráter punitivo. O objetivo da decisão, afirma, é estimular as prefeituras a manterem as bibliotecas abertas à população.

Censo aponta mais de 400 municípios sem biblioteca

O 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais, divulgado em abril deste ano, aponta que 420 municípios do país não tinham bibliotecas públicas em 2009. O levantamento, encomendado pelo MinC, foi realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O Estado do Maranhão aparecia na liderança entre os que não tinham bibliotecas municipais, com 62 cidades nessa situação, seguido de São Paulo, com 51. Este é o levantamento mais atualizado sobre o assunto que está disponível.

O Ministério da Cultura planeja criar um canal de comentários e reclamações sobre o assunto dentro de um portal previsto para ser lançado ainda neste ano. O endereço na web ainda não foi definido.

BRASÍLIA
Fonte: Diário catarinense

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Ministro da Cultura exige pelo menos uma biblioteca nos municípios

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, assinou nesta quinta-feira uma portaria que suspende o repasse de recursos para a prefeitura que não tiver pelo menos uma biblioteca pública municipal em funcionamento.

Desde abril, o Ministério da Cultura (MinC) investiu R$ 21 milhões no envio de 2 mil livros, mobiliário, televisão, aparelhos de DVD e computadores para todas as 420 prefeituras que não possuíam biblioteca. Desse total, 403 já receberam os materiais. Até o final deste ano, o Ministério pretende enviar os equipamentos para os 17 municípios restantes.
"É importante ressaltar que esta portaria não tem caráter punitivo. Ela premia quem está no caminho correto e reforça o compromisso já existente entre o governo federal e os municípios", afirma o ministro Juca Ferreira. "O acesso a bibliotecas é essencial para garantir o desenvolvimento do Brasil", completa. Os municípios têm a responsabilidade de manter o espaço físico adequado e garantir os recursos para o funcionamento das bibliotecas.
O Ministério identificou, por meio do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), que alguns dos equipamentos estaduais estão defasados. Por isso, a exigência também se estenderá aos 27 estados e Distrito Federal.

"O MinC dá o apoio para abrir e para equipar, mas é preciso ter a contrapartida. Estamos criando a consciência da importância de se ter uma biblioteca aberta nos estados e municípios", explica o ministro Juca Ferreira. Para ele, é fundamental instituir uma política pública que garanta o acesso à cultura. "A biblioteca é um ambiente democrático para ampliar o acesso aos livros e formar novos leitores", avalia Juca.
Leia Mais. Seja Mais

Ainda neste ano, o MinC também lançará o portal "Lei Mais. Seja Mais", de incentivo à leitura. Nos últimos oito anos, o governo investiu fortemente na área de livro e leitura. Para isso, aumentou os recursos para o setor (de R$ 6 milhões para R$ 96 milhões) e instituiu uma política para a área, a partir da criação do Plano Nacional do Livro e Leitura, em 2006.

Longen inaugura em Sete Quedas a 26ª biblioteca do Sesi no Estado









Por Redação Pantanal News/Daniel Pedra

A cerimônia também teve a presença do prefeito Sérgio Mendes, diretores da Fiems, políticos e demais autoridades

O presidente da Fiems, Sérgio Longen, e o prefeito de Sete Quedas, Sérgio Roberto Mendes, inauguraram, na manhã desta sexta-feira (03/12), a 26ª Biblioteca da Indústria do Conhecimento do Sesi em Mato Grosso do Sul. Construída Praça Central Tancredo Neves, que fica na Rua Monteiro Lobato, 675, em frente ao Paço Municipal, a unidade vai atender, principalmente, a classe estudantil da cidade, mas também deve beneficiar outros moradores do município localizado na região de fronteira com o Paraguai.

Ainda na cerimônia de inauguração, Sérgio Longen destacou que, nos últimos três anos, a atual Diretoria do Sistema Fiems já entregou, com a biblioteca de hoje, 26 unidades em 22 cidades - Campo Grande (3), Três Lagoas (2), Dourados (2), Corumbá, São Gabriel do Oeste, Sidrolândia, Aquidauana, Ponta Porã, Ribas do Rio Pardo, Rio Verde, Naviraí, Nova Andradina, Costa Rica, Iguatemi, Bataguassu, Rio Brilhante, Maracaju, Inocência, Paranaíba, Chapadão do Sul, Amambai e Sete Quedas.

Além disso, ele também informou que ainda nesta sexta-feira será inaugurada a biblioteca construída em Aral Moreira e, na próxima semana, as unidades de Aparecida do Taboado (09/12), Água Clara (09/12) e Terenos (11/12), elevando para 30 unidades entregues em 26 cidades do Estado. “No próximo ano, elas também oferecerão cursos de capacitação profissional do Senai por meio do EaD (Ensino a Distância) com turmas de até 20 alunos no período noturno. Entendemos que essa é a forma de complementar o trabalho da educação desenvolvido pelo Sesi, ou seja, integrando a qualificando da mão-de-obra realizada pelo Senai”, disse.

O presidente da Fiems também informou ao prefeito de Sete Quedas que o ministro de Indústria e Comércio do Paraguai, Francisco Rivas Almada, se comprometeu em construir um linhão de energia elétrica ao longo da região de fronteira com o Brasil para possibilitar o desenvolvimento dos municípios localizados no lado brasileiro e paraguaio. “Com esses linhões de energia, será possível a instalação de indústrias na região”, previu.

Políticos

Já o deputado estadual Paulo Corrêa reforçou que o oferecimento dos cursos do EaD do Senai durante o período noturno nas bibliotecas da Indústria do Conhecimento do Sesi instaladas no interior do Estado será uma forma de ampliar a qualificação profissional em Mato Grosso do Sul. “Na minha opinião, essa iniciativa do Sistema Fiems é uma forma inteligente de utilizar a estrutura das bibliotecas da Indústria do Conhecimento do Sesi. Acredito que um número maior de pessoas serão beneficiadas”, analisou.

Para o prefeito Sérgio Roberto Mendes, a Indústria do Conhecimento do Sesi é um olhar do empresariado para os filhos dos trabalhadores e da comunidade. “Esse espaço amplia o acesso à educação e é uma nova oportunidade para a geração do futuro baseada em tecnologia e inovação. O momento é importante para a cidade. Sete Quedas está abrindo cada dia uma nova página e esta iniciativa do Sistema Fiems é um marco para o município e para a história da indústria sete-quedense", declarou.

Na opinião do presidente da Câmara de Vereadores de Sete Quedas, Miro do Carioca, a Biblioteca da Indústria do Conhecimento do Sesi é uma forma de despertar o interesse das pessoas pelo conhecimento, educação e tecnologia. "A parceria entre a Fiems, a Prefeitura e outros órgãos é importante para o desenvolvimento do município e um incentivo à educação de qualidade", disse o parlamentar.

Estrutura

Hoje, as unidades já oferecem os cursos gratuitos do Programa Educação Continuada do Sesi, que incluem primeiros-socorros, informática básica, libras (linguagem de sinais para surdos), espanhol, inglês, atualização em língua portuguesa, desenvolvimento de equipes, atendimento a clientes, primeiros-socorros, DSTs e Aids, entre outros. Além disso, todas as bibliotecas da Indústria do Conhecimento do Sesi são dotadas com acervo de 1,6 mil livros de diferentes níveis, dezenas de CDs e DVDs, além de dez computadores com acesso à Internet.

Elas ainda disponibilizam a “Hora do Conto”, quando os monitores ou professores usam livros fantoches, dedoches e fantasias para contar histórias para os usuários das escolas que visitam as unidades. Outros diferenciais são as “Rodas Literárias”, que oportunizam o acesso à leitura de todos os usuários por meio de reflexão dos contos, textos, poesias e biografia do autor em estudo, e as “Gibitecas, que disponibilizam acervo de gibis para leitura no local.

As bibliotecas também dispõem de “Hemeroteca”, onde ficam as coleções de jornais, revistas, periódicos e recortes de textos veiculados em diversos tipos de mídia, e da “Cinemateca”, com vídeos educativos, documentários e de lazer. Elas ainda podem ser usadas como espaço para a pesquisa escolar, pois dispõem de acervo composto de obras nas diversas áreas do conhecimento, contemplando diferentes gêneros da literatura. Os usuários também podem levar os livros para casa, pois as bibliotecas oferecem condições para empréstimos dos exemplares, sendo possível o empréstimo pelo prazo de sete dias corridos.

Fonte: http://www.pantanalnews.com.br/

PUC Minas fará maior investimento entre instituições de ensino superior para construção da Biblioteca do Futuro

PUC Minas fará maior investimento entre instituições de ensino superior para construção da Biblioteca do Futuro

03/12/2010

A Finep - Financiadora de Estudos e Projetos, empresa pública ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), aprovou o projeto Biblioteca do Futuro, apresentado pelas pró-reitorias de Pesquisa e Pós-Graduação e Infraestrutura da PUC Minas, no valor de R$ 4,132 milhões. O projeto foi apresentado num edital específico para universidades privadas. A Universidade foi a única do Estado selecionada pelo órgão do MCT e a dotação orçamentária é a maior destinada a uma instituição de ensino da região Sudeste. A proposta da Biblioteca do Futuro, segundo o pró-reitor de Pesquisa e de Pós-Graduação, João Francisco de Abreu, permite e facilita a interação da PUC Minas com outras Universidades do mundo. Com uma área equipada de computadores de alto desempenho, ela gerará grande apoio às pesquisas e aos estudos acadêmicos relacionados com a pós-graduação.

Um dos grandes diferenciais do projeto da PUC Minas é a acessibilidade, com suporte tecnológico e científico para pessoas com necessidades especiais (libras e braille). De acordo com o pró-reitor João Francisco de Abreu: "Conversando com o mundo inteiro por meio de uma rede de computadores de alto desempenho, abrimos as portas da Universidade para todas as outras áreas e não apenas à pós-graduação."

Extensão e graduação vão usufruir de um banco de dados contendo informações sobre as pesquisas já desenvolvidas no âmbito da pós-graduação. Além disso, o projeto prevê uma Mapoteca Analógica e Digital com registros das bases cartográficas atualizadas, uma área para a Biblioteca Digital constituída de suportes em mídias eletrônicas, suporte em inglês e espanhol e salas de conferências internacionais. "Os princípios de inovação, informação compartilhada, acessibilidade da Biblioteca do Futuro elevam ainda mais o padrão PUC Minas de qualidade de ensino superior", informa o pró-reitor. A previsão é que em três anos, o prédio, construído dentro do chamado "conceito edifício inteligente"- energia solar, reaproveitamento da água de chuva, economia de energia - seja concluído. A Biblioteca do Futuro será instalada ao lado do prédio da Biblioteca Central Pe. Alberto Antoniazzi, no campus Coração Eucarístico.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Manual on-line de normalização

Apresentação do Manual

A padronização possui um papel fundamental para a coleta eficiente de metadados e para o processo de comunicação. A normalização de documentos acadêmicos traz consistência na apresentação e auxilia sua indexação em Bases de Dados.
O objetivo deste manual é orientar professores e alunos em relação às normas de padronização de documentos acadêmicos adotadas pelo Núcleo de Informação Tecnológica e Gerencial (NITEG) e pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da ECI/UFMG. As informações contidas neste Manual estão em conformidade com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

A partir dos templates disponibilizados, criados no Word, é mais fácil produzir documentos acadêmicos. Os templates provêm as informações necessárias para o posicionamento de elementos, módulos e componentes, de forma que quando o seu conteúdo for inserido, ele herdará as especificações dos estilos definidos, tais como o estilo de corpo de texto, estilo de títulos em diferentes níveis, entre outros.

Este trabalho foi desenvolvido pela aluna Benildes Coura M. S. Maculan, no segundo semestre de 2008, como produto final da disciplina Estágio B, do 8º período do curso de Biblioteconomia da ECI/UFMG, ministrada pelo Prof. Jorge Tadeu de R. Neves, sob a orientação da Profa. Gercina Ângela Borém de O. Lima. Contou ainda com o apoio do Coordenador do NITEG, prof. Marcello Peixoto Bax, e da Coordenadora do PPGCI, profa. Maria Aparecida Moura.

Benildes Coura M. S. Maculan


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sábado, 27 de novembro de 2010

Frases sobre biblioteca

"Há pessoas que têm uma biblioteca como os eunucos um harém."
(Victor Hugo)

"Se tiveres um jardim perto da biblioteca, nada te faltará." (Cícero)

"Nenhum lugar proporciona uma prova mais evidente da vaidade das esperanças humanas do que uma biblioteca pública." (Samuel Johnson)

"Que imenso tesouro pode estar oculto em uma biblioteca pequena e selecionada! A companhia dos mais sábios e dignos indivíduos de todos os países, através de milhares de anos, pode tornar o resultado de seus estudos e de sua sabedoria acessíveis para nós." (Ralph Waldo Emerson)

"É preciso folhear meia biblioteca para fazer um livro." (Samuel Johnson)

"No Egito, as bibliotecas eram chamadas 'Tesouro dos remédios da alma'. De fato é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras." (Jacques-Bénigne Bossuet)

"Sempre imaginei que o paraíso será uma espécie de biblioteca."
(Jorge Luis Borges)

"Convento sem biblioteca é como fortaleza sem arsenal." (Júlio Comba)

"Toda uma biblioteca de Direito apenas para melhorar quase nada os dez mandamentos." (Millôr Fernandes)

"A biblioteca é uma esfera cujo centro cabal é qualquer hexágono, cuja circunferência é inacessível." (Jorge Luis Borges)

"Uma biblioteca permite que se procure Marx, encontre-se Schopenhauer e se requisite a Bíblia." (Ernst R. Hauschka)

"Os espíritos imortais dos mortos falam nas bibliotecas." (Plínio, o moço)

"A biblioteca é o laboratório do matemático." (Paul Halmos)

"Ordenar bibliotecas é exercer de um modo silencioso a arte da crítica."
(Jorge Luis Borges)

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

terça-feira, 24 de agosto de 2010

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Escrevendo sobre o ato de escrever textos acadêmicos





"Na palavra falada temos que ser, em absoluto, do nosso
tempo e lugar; não podemos falar como Vieira, pois nos
arriscamos ou ao ridículo ou à incompreensão. Não
podemos pensar como Descartes, pois nos arriscamos ao
tédio alheio. A palavra escrita, ao contrário, não é para
quem a ouve, busca quem a ouça; escolhe quem a entenda,
e não se subordina a quem a escolhe. Na palavra escrita
tem tudo que estar explicado, pois o leitor nos não pode
interromper com o pedido de que nos expliquemos melhor."
(Fernando Pessoa. O livro do desassossego)


"Não fomos construídos para ler. Na verdade, a leitura é uma aventura."
(Michael Merzenich, neurocientista)




Existe atualmente uma crise da escrita e leitura tradicional. Uma linguagem nova urdida no imediatismo dos meios digitais está querendo fechar um capitulo na história das narrativas impressas em formato papel. Desde 1990 as tecnologias da informação digital estão definitivamente inseridas no contexto do pensamento e dos atos para gerar e receber a informação. Fatos e ideias tinham um percurso formal e bem definido dentro de um mundo onde a textualidade era pautada pela escrita em papel. Existe, hoje, uma diferente configuração para plublicitar fatos e ideias.

O imaginário do receptor ampliado por novas visualizações na aventura hipertextual explodiu o formato dos meios tradicionais. Palavras e enunciados tem na condição digital um caminho de significantes liberados. Acredito que iniciamos um novo padrão da escrita e da leitura nestes tempos digitais. As pessoas, ainda escrevem com todo o maneirismo da escrita para o papel. Mas na tela, e só se pode ler um hipertexto na tela, existe um novo olhar para um novo documento que antes de tudo deve ser leve e agradável a esta apreciação diferenciada de uma leitura onde o imaginário se liberta no link. Uma escrita que não quer ser impressa.

Um artigo científico deve ser escrito com clareza, precisão e, sobretudo, quando todos vão ler na web com uma visualização adequada para esta leitura online. O leitor deve ficar interessado na narrativa para se manter conectado e ser capaz de entender o seu conteúdo facilmente. Uma escritura deve apresentar adequadamente os objetivos, o porquê e como foi escrito – a sua metodologia - os resultados encontrados e suas aplicações.

Artigos científicos e técnicos são recusados para publicação devido a qualidade na sua apresentação. Possuem frequentemente um excesso de informação irrelevante, ausência de conclusões precisas, tabelas e gráficos mal arranjados e em demasia e deficiência na apresentação dos resultados.

O escrever acadêmico é rico em citações. Mas deve ser lembrado que em cada citação o autor passa a autoria do seu texto para a voz de outrem. Se uma narrativa possui mais da metade de suas linhas como citações, incluindo alguns quadro e tabelas, a autoria é difusa e em rede. Não há mais um autor definido.

Pela mesma razão não se pode ter um texto de 20 páginas com muitas citações, links, quadros e tabelas de outra autoria e ao concluir tudo isso o seu autor o faz em apenas uma lauda. Como diria Pessoa “arriscamos ou ao ridículo ou à incompreensão”.

Além de manter uma boa organização na apresentação dos objetivos, fatos e conclusões, há que cuidar da ortografia e a gramática para que o leitor não tenha problemas para entender o que está dito. Ele não pode perguntar ao texto uma nova explicação.

Existem várias formas para se publicar um artigo técnico ou uma publicação científica, como: divulgação científica, revisão temática, descrição de aplicação de um modelo, um artigo de opinião do autor. Mas os artigos preferidos por editores e leitores são aqueles onde, em sua maior parte, existe um questionamento original e com nítida preponderância de enunciados reveladores de uma reflexão própria do um autor.

O que faz de um indivíduo um autor individualizado é o fato de podermos demarcar através de seu nome e da família de seus textos o pertencimento a uma área temática. Textos se conectam através de uma linhagem de vínculos semânticos determinados por aproximações e afinidades ao longo da institucionalização de um campo em uma cultura. O que faz de um indivíduo um autor é o fato de através de sua assinatura reconhecermos os textos que lhes são atribuídos. Se um conteúdo foi desenvolvido por uma rede ou um grupo de pesquisa esta autoria perde sua individualidade e é responsabilidade da rede ou grupo e não mais de pessoas únicas.

É preciso cuidar para não tipificar ou especificar seu artigo como uma simples descrição, sem uma reflexão, análise e avaliação de literatura; evitar textos cujo formato mostrem uma estrutura típica de uma “adaptação” de um trabalho de final de curso em novo aproveitamento. Os enunciados com autoria múltipla devem poder indicar a contribuição de cada um dos autores para o artigo de maneira clara e explicita no conteúdo. É preciso cuidar, ainda com narrativas excessivamente específicas e descritivas de um serviço ou produto ou que sejam fortemente baseados em um determinado contexto, um local geográfico ou uma empresa e seu produto.

Faça um título curto, que chame a atenção e reflita o tema principal do artigo. Não deve ser muito longo; registre o seu nome e a sua filiação institucional de forma uniforme e sistemática como usa em todas as suas publicações, para que seus artigos possam ser reconhecidos e citados de forma correta.

As pessoas se baseiam no Resumo ou no Abstract para decidirem ler ou não o artigo. Os indexadores eletrônicos da web vão varrer o seu resumo e o “abstract” para formar sua base. Assim, sintetize de maneira precisa os tópicos principais do artigo e as conclusões obtidas. Não utilize mais que 250 palavras nisso. Limite o número de tópicos inseridos para evitar confusão na identificação do conteúdo. Não inclua referências, figuras, citações, siglas ou equações matemáticas no resumo.

O Abstract é a versão do resumo em inglês. Por uma questão de coerência, ele deve possuir tamanho e significado compatíveis com o resumo. A versão em inglês não necessitará ser uma tradução literal do resumo, mas sim uma tradução adaptada à outra língua. Use frases de até 2 linhas no máximo. O leitor na língua inglesa não consegue perceber o significado em longas frases, entre vírgulas e com orações subordinadas e/ou coordenadas.

Por vezes, editores solicitam a inclusão de um conjunto de palavras-chave que caracterizem o seu artigo. Estas palavras serão usadas posteriormente para permitir, também, que o artigo seja encontrado por sistemas eletrônicos de busca. Por isso, você deve escolher palavras-chave que identifiquem os significados do texto. Um bom critério é selecionar as palavras que você usaria para procurar na web um artigo semelhante ao seu.

A introdução é uma síntese geral do conteúdo do artigo sem entrar em muitos detalhes. Especifique a relevância da publicação: explique como o trabalho contribui para ampliar o conhecimento em uma determinada área e se ele apresenta novos métodos ou modelos para resolver um problema; se ele é um trabalho de opinião do autor ou de um grupo de pesquisa. Apresente uma revisão da literatura com escritas básicas sobre o assunto, mas em sua maioria as publicadas nos últimos 5 anos e que sejam específica ao tópico.


Corpo do artigo:
Determine o problema estudado, explique a terminologia básica, e estabeleça claramente os objetivos e as hipóteses. Note que artigos são frequentemente rejeitados para publicação porque os autores apresentam os objetivos pouco claros ou de realização impossível.

Apresente as formulações teóricas. Informe a metodologia e todo instrumental e os métodos de trabalho de forma que os leitores sejam capazes de entender como o estudo foi realizado. Indique os procedimentos de uma forma coerente. Dê crédito ao trabalho de outras pessoas: não invente conceitos se não tiver uma base teórica que os suporte e forneça detalhes e definições dos conceitos discutidos ou indique a fonte que os explique.

Um problema comum em artigos técnicos é o uso inapropriado de tabelas e figuras que podem confundir os leitores. As falhas principais seriam: a falta de análises das estatísticas tabeladas, a abundância de percentuais e numerais no texto, falta de nitidez do escrito dentro de figuras, tabelas e gráficos.

Tabelas devem ser incluídas quando se deseja apresentar um número pequeno de dados e se recheadas de texto inibem a leitura. Lembrar que a maioria dos artigos vai ser disponibilizada na web e necessita ter uma boa visualização do conteúdo. Evite um conteúdo recheado indicações em caixa alta, negritos, e sublinhados. Nunca apresente uma sigla substituindo o extenso e não use frases de mais de 50 palavras. A seção Resultados deve apresentar as reflexões sobre as evidências de seu estudo. Se não puder escrever com facilidade sobre a importância de suas evidências o artigo não merece ser escrito. Conclusões e resultados devem ter pelo menos 5 laudas

Você pode iniciar a sua conclusão mostrando o que é novo e relevante em seu texto. A conclusão deve ser analítica, interpretativa e incluir argumentos explicativos. Deve ser capaz de fornecer um dialogo conceitual lógico e coerente dos resultados apresentados e suas possíveis aplicações. Forneça informações completas sobre as referências utilizadas. Um artigo mesmo com a forma de um ensaio de reflexão do autor, não deve conter menos que 50 referências. Insira como anexo as informações que não são precisam ser visualizadas no texto principal como: questionários, entrevistas, descrição do software utilizado, relação bruta de dados.


Roteiro para checar o texto antes de enviar para publicar:

1 Título: reflete o conteúdo, as palavras utilizadas são apropriadas.

2 Precisão do texto: as informações estão claras sem excessos de diagramas; os parágrafos estão adequados para leitura.

3 Estilo: o conteúdo está correto e de visualização adequada para a web?

4 Apresentações dos dados: tratamento das figuras e tabelas esta adequado; há algo que deveria ir para o anexo.

5 Justificativa: foram esquecidos artigos históricos ou clássicos na revisão; Foi obedecida uma cronologia;
como foi abordado o arcabouço teórico adotado e como este arcabouço está inserido no campo do artigo;

6 Está explicitado: o tipo de metodologia utilizada; os instrumentais e os métodos usados; o local de realização da pesquisa; ( entidades envolvidas); os critérios de inclusão e exclusão de dados; as variáveis estudadas e sua mensuração?

7 No conteúdo : as principais perguntas foram respondidas; os erros ortográficos e de concordância são só acidentais? O estilo de redação é bonito, direto, claro e objetivo? A sequência de raciocínio é lógica e faz sentido? A visualização é de boa qualidade tanto para a mídia impressa quanto digital; o mesmo estilo foi utilizado em todo o texto? Há excesso de formatação no texto ou muitas figuras, tabelas, etc.; os anexos são relevantes.

8 Resultados: os resultados encontrados são coerentes; foram apresentados de forma assimiláveis; foram enfatizados os resultados inovadores; foram discutidas as limitações dos resultados; a a apresentação está adequada.

9 Conclusões: estão apropriadas e corretas? ( em harmonia com os objetivos? Com a metodologia e os métodos? Com os resultados esperados?); as descrições das conclusões têm um espaço coerente para tratamento das reflexões finais do autor? Foram enfatizados os principais resultados encontrados; as questões colocadas no texto foram respondidas nesta finalização.


Finalizando é importante ressaltar que a velocidade da escrita, da leitura e sua assimilação mudaram, assim como mudou a quantidade de informação à qual estamos expostos. A intenção destas notas é evitar o estresse cognitivo do leitor, apresentando a informação de maneira visualmente destinada para a percepção amigável. Sempre é conveniente lembrar que: “toda leitura é uma aventura” e é o autor que registra o script dessa odisséia.

Aldo de Albuquerque Barreto
Fonte: Avoantes perdidos

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A LEITURA - III – Quatro espécies de leitura.

Capítulo retirado do livro "A vida intelectual", de A.D. Sertillanges.
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CAPITULO VII - A preparação do trabalho

A. – A LEITURA - III – Quatro espécies de leitura.

Concretizando um pouco mais, distingo quatro espécies de leitura. Lemos para nos formarmos e ser alguém; lemos com a mira nalgum fim particular; lemos para nos animarmos a trabalhar e praticar o bem; lemos por motivo de distração. Há leituras de fundo, leituras de ocasião, leituras de estímulo ou de edificação, leituras de repouso.

Estes gêneros de leitura devem utilizar as nossas observações; cada uma apresenta também exigências particulares. As leituras de fundo requerem docilidade, as Leituras de ocasião requerem mestria, as leituras de estímulo requerem ardor, as leituras de repouso requerem liberdade.

Quem se forma e deve adquirir quase tudo, não está em período de iniciativas. Quer se trate da primeira formação, de cultura geral, quer se encete o estudo de nova disciplina, de problema até aí descurado, precisamos mais de crer nos autores consultados do que criticá-los e, em vez de aproveitá-los, acomodando-os à nossa maneira de pensar, sigamos o caminho por eles primeiro trilhado. Querer agir demasiado cedo prejudica a aquisição; pede a prudência que comecemos por nos dobrar. ”É preciso acreditar no professor”, diz S. Tomás, depois de Aristóteles. O próprio Santo dá exemplo dessa obediência, que só lhe foi proveitosa.

Não quero dizer que nos entreguemos às cegas. Um espírito nobre não consente que o encadeiem. Mas assim como não se aprende a arte de mandar se não obedecendo, assim o domínio do pensamento só se obtém pela disciplina. Uma atitude de respeito, de confiança, de fé provisória, enquanto se não possuem todas as normas do juízo, é necessidade evidente que só passa despercebida aos presumidos e vaidosos.

Ninguém é infalível; mas o aluno é-o muito menos do que o mestre, e se recusa submeter-se, por uma vez que terá razão, subtrai-se vinte vezes à verdade e serra vítima das aparências. Pelo contrário, o crédito e a relativa passividade, que ao mestre concedem alguma coisa do que é devido à verdade, aproveitam a esta última e permitem utilizar as insuficiências, e as ilusões do professor. Ninguém sabe o que falta a um homem senão calculando a sua riqueza.

Comecemos por escolher os guias em quem confiar. A escolha dum pai intelectual é negócio muito sério. Aconselhamos S. Tomás para as doutrinas superiores; contudo, não podemos circunscrever-nos a ele. Três ou quatro autores estudados a fundo para a cultura geral, três ou quatro para a especialidade e outros tantos para cada problema que surja, é quanto basta recorremos a outras fontes a título de informação, não a titulo de formação, e só com isso já será diferente a atitude de espírito.

Essa atitude será mesmo diversa sob certos respeitos, pois quem se informa e quer utilizar não se encontra já em estado de pura passividade, mas tem as suas ideias prediletas, o seu plano; a obra consultada servir-lhe-á apenas de esteio. Requere-se, é certo, uma dose de submissão à verdade mais do que ao escritor, mas também a este último se deve dar fé, fé ( 1) Op.cit., pág. 246. compatível com a liberdade de seguir ou de rejeitar as conclusões a que ele chega.

Estas questões de atitude revestem suma importância; porque, consultar, como quem estuda, é perder tempo, e estudar como quem consulta, é ficar sozinho consigo e perder o beneficio que um iniciador vos oferece. Quem lê, com a mira num trabalho, tem o espírito dominado pelo que pretende realizar; não mergulha na onda, bebe nela; fica na margem, guarda a liberdade de movimentos, reforça as próprias ideias com o que de fora lhe advém, em vez de as afogar nas ideias de outrem, e sai da leitura enriquecido e não despojado, como sucederia, se a fascinação da leitura prejudicasse o intuito de utilização que a justificava.

Nas leituras de estímulo, a seleção, além das regras gerais apontadas, deve apelar para a experiência de cada qual. Aquilo que uma vez deu bom resultado d provável que o torne a dar segunda vez. Uma influência começa sempre por se reforçar, embora depois tenda a gastar-se com o tempo; o hábito aviva-a; uma penetração mais íntima aclimata-a em nós; a associação das ideias e dos sentimentos prende, a tal página, estados de alma que com ela despertam.

Ter assim, nos momentos de depressão intelectual ou espiritual, autores favoritos, páginas reconfortantes, tê-las à mão, prestes para inocularem no espírito a boa seiva, é recurso incomparável. Conheço pessoas a quem a peroração do Discurso fúnebre do Grand Condé reanimou anos seguidos, todas as vezes que se lhes secava a inspiração. Outros, no domínio espiritual não resistem ao Mistério de Jesus de Pascal, a uma Oração de S. Tomás, a um capítulo da Imitação de Cristo, a uma parábola do Evangelho. Observe-se cada qual, repare nos seus resultados, reúna em volta de si os remédios para as doenças da alma, e não hesite em repetir, até se fartar, o mesmo cordial ou o mesmo antídoto.

No que toca às leituras distrativas, parece não ter tanta importância a seleção; de fato, não a tem, relativamente. Contudo, não é indiferente distrair-se deste ou daquele modo, quando o fim em vista é voltar, nas melhores condições, ao que é a nossa razão de ser. Leituras há que não distraem suficientemente; outras distraem demasiado, com prejuízo do recolhimento que se lhes deve seguir; outras desviam-nos, no sentido etimológico, isto é, levam-nos para fora dos nossos caminhos.

Sei de alguém que se distraía de trabalhos árduos, lendo a História da Filosofia Grega de Zeller: era uma distração, mas insuficiente. Alguns saboreiam histórias apimentadas ou fantásticas que os dissociam; outros entregam-se a tentações que os fazem desanimar e lhes prejudicam a alma. Tudo isto é mau. Se os livros são servos, como os objetos de uso necessário à vida, devem-no ser sobretudo aqueles que só têm a desempenhar papel acessório. Ninguém se sacrifica por um leque.

Muitos pensadores encontram alívio e atrativo nas histórias de viagens e explorações, na poesia, na crítica de arte, na comédia lida em casa, nos livros de memórias. Cada qual tem seus gostos e o gosto, aqui, é o principal. Segundo S. Tomás, uma só coisa repousa verdadeiramente: a alegria; seria contra-senso querer distrair-se no tédio.
Lede o que agrada, o que não entusiasma demasiado, o que não prejudica e, já que sois consagrado, mesmo quando vos distraís, tende a inteligência de ler, em igualdade de proveito e de repouso, o que for útil de outra maneira e ajudar a completar-vos, a ornar o espírito, a ser homem.

A LEITURA II – Como escolher o que ler

Capítulo retirado do livro "A vida intelectual", de A.D. Sertillanges.
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CAPITULO VII - A preparação do trabalho

A. – A LEITURA II – Como escolher o que ler

Nestas observações está incluído o principio de seleção. ‘Muito discernimento é preciso, escreve Nicole, para escolher o que há-de nutrir o espírito e servir de semente dos pensamentos. O que hoje lemos com indiferença despertará mais tarde e apresentar-nos-á, sem que nisso reparemos, pensamentos que serão causa de salvação ou de ruína. Deus sugere os bons pensamentos para nos salvar; o demónio acorda os maus pensamentos em nós latentes’(1).

Portanto, é urgente selecionar: selecionar os livros e selecionar nos livros. Selecionar os livros. Não acreditar no reclamo interesseiro nem no chamariz dos títulos. Ter conselheiros dedicados e sabedores. Dessedentar-se só nas fontes. Freqüentar apenas o escol dos pensadores. O que nem sempre é possível em matéria de relações pessoais, é fácil, e convém aproveitar, em matéria de leituras. Admirar de alma e coração o que merece ser admirado, sem contudo prodigar a admiração. Desdenhar das obras mal feitas, que provavelmente são mal pensadas.

Ler só obras de primeira mão, onde brilham as ideias mestras. Ora estas são pouco numerosas. Os livros repetem-se, diluem-se, ou então contradizem-se, o que é outra maneira de se repetirem. Olhando de perto, verificamos serem raras as descobertas do pensamento; o fundo antigo, ou antes o fundo permanente é o melhor; é mister que nele nos apoiemos para comungar verdadeiramente com a inteligência do homem, longe das pequenas individualidades balbuciantes ou bulhentas. É uma comerciante de modas (M.elle Bertin) quem diz: ”só é novo aquilo que se esqueceu”.

A maior parte dos escritores são apenas editores; é já alguma coisa. Voltemos, porém, ao assunto. Haveis de ler, sem prevenção, o que se escreve de bem; lereis os autores modernos, e tanto mais quanto precisardes de informações, de noções positivas em evolução ou em crescimento; quereis ser do vosso tempo; não deveis ser um ’tipo arcaico’. Contudo, não tenhais a superstição da novidade; gostai dos livros eternos, que encerram as verdades eternas.

Em seguida, deveis selecionar nos livros. Nem tudo é igual. Nem por isso haveis de assumir atitude de juiz; sede antes, para com o autor, um irmão, na verdade, amigo, e amigo inferior, visto que, pelo menos debaixo de certos aspectos, o tomais por guia. Sendo o livro um irmão mais velho, é mister honrá-lo, abri-lo sem orgulho, escutá-lo sem prevenção, suportar-lhe os defeitos, buscar o grão da palha. Mas sois homem livre; permaneceis responsável: reservai-vos o bastante para guardar a alma e, se necessário for, para a defender.

”Os livros são obras dos homens, diz ainda Nicole, e a corrupção do homem imiscui-se na maior parte das suas ações, e como ela consiste na ignorância e na concupiscência, quase todos os livros se ressentem destes dois defeitos (1)”. Daí a necessidade de filtrar para depurar, muitas vezes, durante a leitura. Para isso, confiar em Deus e no melhor de si, na parte de si que é filha de Deus e na qual um instinto de verdade, um amor do bem servirá de resguardo.

Além disso, lembrai-vos que até certo ponto um livro vale o que vós valeis, e o que o fizerdes valer. Leibniz utilizava tudo; S. Tomás extraiu dos hereges e dos paganizantes do seu tempo grande número de ideias, sem sofrer de nenhuma. O homem inteligente encontra em toda a parte inteligência, o louco projeta sobre todas as paredes a sombra da sua fronte estreita e inerte. Escolhei o melhor que puderdes; mas procurai que tudo seja bom, largo, aberto ao bem, prudente e progressivo.

( 1) Nicole, essais de morale contenus en divers traité, t.II, pág. 244, Paris, 1733.

quarta-feira, 30 de junho de 2010